Em seminário interno, Agapan debate condição ecopolítica e transpartidária da entidade
- Susiani Silva Guisolfi
- 14 de out.
- 2 min de leitura

Prestes a completar 55 anos e vivenciando momentos de intenso ataque contra o ambiente e a sociedade como um todo, associados e convidados da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) iniciam importante mobilização com vistas a debater a incidência da entidade no processo eleitoral.
Em seminário interno realizado no dia 10 de outubro, no Salão Nobre da Associação Riograndense de Imprensa, em Porto Alegre, a Agapan discutiu o alinhamento prévio da entidade em relação às eleições de 2026.
O presidente da entidade, Heverton Lacerda, destacou o artigo primeiro do estatuto da entidade, fundada em 27 de abril de 1971, que desde o início assinalou seu caráter ecopolítico e transpartidário. "Nessas cinco décadas, a tese estatutária foi mantida como norteadora na luta pela preservação ambiental", disse.
O mediador do seminário, advogado e conselheiro da Agapan Renato Barcelos, destacou o caráter pioneiro e precursor da entidade, ressaltando a importância de serem repensados os paradigmas da humanidade diante da natureza.
CIDADANIA ECOLÓGICA
Celso Marques, conselheiro e ex-presidente da Agapan, reafirmou a postura de idependência política, firmada no período de redemocratizção do país, em que os partidos políticos começaram a se organizar e buscar o apoio da Agapan. Marques considera que um possível "confinamento na política partidária" traria prejuízos à causa da entidade, e que essa posição de independência trouxe importantes conquistas. "Muitas passagens da nossa Constituinte resultaram de discussões da Agapan", lembrou.

Marques ressaltou ainda o conceito de "cidadania ecológica", que pavimentou a participação dos ecologistas na política brasileira, colocando a natureza como processo civilizatório, em um pais marcado pela biodiversidade e pela diversidade cultural.
A atual crise ecológica, destaca Marques, revela uma ordem social adversa aos interesses da própria vida. "O colapso civilizatório é uma morte anunciada, resultado da falta de participação política e de interesses equivocados", afirma.
RIQUEZA POLÍTICA
Francisco Milanez, diretor Científico e também ex-presidente da Agapan, destacou que a pauta ecológica em Porto Alegre ganhou visiblidade a partir do ato da "subida na árvore", em 1975. Naquela época, o movimento ambiental no Brasil explodiu e a entidade passou a receber cartas de todo o mundo. A partir disso, as reuniões da Agapan passaram a ser censuradas e vigiadas.

Milanez revelou ainda que "a diversidade é o alimento da Agapan", contrária à partidarização, reafirmando o caráter transpartidário como importante estratégia da entidade. "Somos muito respeitados por todos, pois não devemos nada a ninguém. Nunca puderam dizer que somos direita ou esquerda, e esse respeito é a nossa nossa riqueza política", pontuou, ao ressaltar a importância de se cultivar uma visão ambiental, buscando uma sociedade decente para viver, além de elevar o nível de nossos legisladores. "Já que somos todos políticos, fazer a defesa do meio ambiente é uma escolha fundamental", disse.
Ao final do evento, houve debate e os participantes puderam sugerir ideias para a Agapan.

O presidente Heverton Lacerda agradeceu a presença de todos, salientou a importância de opor a ecoplítica à necropolítica, e antecipou a realização de uma assembleia geral extraordinária no mês de novembro, e um seminário aberto no início de 2026, reunindo os movimentos ecológico e social à pauta ambiental no enfrentamento político da proteção ambiental.
Texto: Mariangela Machado
Revisão: Adriane Bertoglio Rodrigues









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