Por Susiani Guisolfi
Nos últimos dias, temos observado uma diminuição na intensidade da cor do céu e do brilho do Sol no Rio Grande do Sul, assim como em diversas regiões do Brasil. Mesmo com condições climáticas estáveis e ensolaradas, temos sido contemplados com dias cinzentos e nublados. Este fenômeno é consequência da propagação das fumaças provenientes dos incêndios que assolam diversos estados brasileiros e países vizinhos, como Argentina, Bolívia e Paraguai.
Essa pluma, situada a aproximadamente 1,5 mil metros de altitude na atmosfera, está impedindo a passagem direta dos raios solares, os quais acabam sendo dispersos pela nuvem e refletidos de volta ao Sol. Esse fenômeno tem resultado em uma tonalidade avermelhada ou alaranjada no céu, observada ao longo da última semana em Porto Alegre e também nesta terça-feira.
De acordo com o monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil já contabiliza impressionantes 159.411 focos de incêndio entre 1º de janeiro e 9 de setembro deste ano. Esse número representa a maior quantidade de incêndios desde 2010, quando foram registrados 163.408 focos.
A MetSul Meteorologia emitiu um alerta sobre a qualidade do ar no Rio Grande do Sul, classificando-a como “ruim” a “muito ruim”. Isso requer cuidados especiais por parte de grupos sensíveis, que podem considerar o uso de máscaras para se proteger. De acordo com informações dos sites "Aqicn" e "IQAir", as cidades de Osasco (170), Guarulhos (160) e São Paulo (165) em São Paulo apresentam níveis de qualidade do ar considerados insalubres.
Contudo, na contramão de todas as informações que chegam até nós, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) informa que a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) está em constante monitoramento da qualidade do ar na Região Metropolitana e que se encontra boa. Segundo a instituição, “apenas a estação de Triunfo apresentou qualidade ruim nos dias 15 e 16 de agosto. As demais estações localizadas na Região Metropolitana apresentam boa qualidade do ar, conforme Resolução CONAMA Nº 506/2024”.
Conforme o presidente da Agapan, Heverton Lacerda, percebe-se certa fragilidade nos dados fornecidos pelo Estado. “Isso pode prejudicar a atuação do serviço público em apoio à população”, afirma o ambientalista. Ele alerta ainda para a necessidade de se debater a origem estrutural dos problemas das queimadas, que afetam diretamente a questão climática. “Já há indícios de que as atuais queimadas têm origem criminosa. É preciso que órgãos de fiscalização identifiquem os responsáveis e deem os encaminhamentos oficiais cabíveis para, se necessário, punir criminosos e evitar que esse problema se alastre”, salienta. Além disso, alerta que “os governos não podem mais deixar de debater os impactos perversos do agronegócio no processo de emissão de gases de efeito estufa. Isso é fundamental”, declara, referindo-se ao modelo de produção adotado no Brasil.
Cuidados com a saúde
Para proteger a saúde em meio à fumaça que encobre o céu, é importante tomar algumas medidas preventivas. O Ministério da Saúde recomenda as seguintes ações para reduzir a exposição às partículas resultantes das queimadas:
* Aumente a ingestão de água e líquidos para manter as membranas respiratórias úmidas e protegidas.
* Permaneça em ambientes fechados, preferencialmente bem vedados e com conforto térmico adequado. Quando possível, busque ambientes com ar condicionado e filtros de ar para reduzir a exposição.
* Mantenha portas e janelas fechadas durante os horários de maior concentração de poluentes no ar, para minimizar a penetração da poluição externa.
* Evite atividades físicas ao ar livre durante este período do ano.
* Não consuma alimentos, bebidas ou medicamentos que tenham sido expostos a detritos de queima ou cinzas.
* Utilize, preferencialmente, máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100, que podem reduzir a inalação de partículas se usadas corretamente por pessoas que precisem sair de casa. No entanto, a recomendação prioritária é permanecer em locais fechados e protegidos da fumaça.
FONTE: Ministério da Saúde
*Susiani Guisolfi é jornalista e associada da Agapan
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